Chegamos de Uji, carregados de chás e seu aroma invadindo nosso quarto no albergue. Hochi-cha... chá-verde torrado... o odor de Uji... e saímos para passear e curtir a noite de Kyoto...
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Vista de Gion |
Neste dia jantamos em Gion, o "bairro boêmio" de Kyoto! Vale uma grande resalva aqui... quando um latino ouve "bairro boêmio" já pensa em esbórnia, agito, música alta, neon... nada disso.... Gion é a antítese da visão normal de um bairro boêmio.
Tombado pelo patrimonio cultural do Japão, o bairro composto de 3 ou 4 ruas perpendiculares a mais 5 ou 6 ruelas é todo conservado como se tivesse parado no século XIX. É um exemplo do que era a Kyoto de outrora. Casas tradicionais, ruelas estreitas, lanternas de papel acesas.
O mais incrivel de Gion é que a grande maioria dessas casas são restaurantes e bares, de todos os níveis e tipos. E outro ponto: Gion é deserta! Sim, deserta! Não há ninguém na rua e olhe que estávamos ali em pleno sábado a noite, no final da Golden Week (semana de feriado nacional no Japão)! Caminhamos por minutos e minutos sem ver ninguém e de repente um casal aqui, dois amigos ali, andando rápido, saindo de uma casa, entrando em outra. Começamos a ficar encucados.
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Cadê todo mundo? |
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Como a arquitetura tradicional japonesa prevê janelas cobertas por papéis de arroz e persianas de bambú, nunca conseguimos ver da rua o que se passa dentro dos imóveis. Mas, avistei uma janela entre aberta e não me contive: corri para espiar lá dentro e qual não foi minha surpresa de ver que era um bar, um pub japonês LOTADO de gente! Me esgueirei para ver o imóvel do lado, novamente a surpresa: um restaurante LOTADO! Que coisa engraçada... Gion estava fervendo, no seu estilo, da sua maneira, mas estava "bombando", só que todo mundo fica dentro dos locais, prezando pelo silêncio e contribuindo para atmosfera sombria e misteriosa daquelas ruelas, das quais parecem que vão saltar ninjas dos telhados, samurais sairão pelas portas e gueixas passarão apressadas em seus kimonos maravilhosos (bem, essas últimas ainda existem e passam assim mesmo e em Gion).
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Restaurante em Gion |
Estando o bairro em "ebulição" resolvemos jantar por ali e ainda bem que há uma prática saudável dos restaurantes em deixar a mostra na entrada uma cópia de seus cardápios. Pois não é só a atmosfera de Kyoto que é sombria, os preços de alguns restaurantes também o são! Fomos olhando para vários, comparando com nosso orçamento e logo encontramos um interessante.
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Nosso restaurante |
Por fora era uma casa tradicional de Kyoto, mas quando entramos nos deparamos com um interior extremamente moderno! Tatames com almofadas vermelhas, paredes de cimento queimado, lustres vanguardistas e um cardápio eclético, japonês mas eclético. Tiramos os sapatos, nos aconchegamos uma mesa baixa e uma simpática garçonete que arranhava um inglês básico veio nos atender. Pedimos as bebidas e o próprio Chef veio conversar conosco e dar sugestões.
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Nosso restaurante moderninho em Gion |
Um jovem japonês que falava inglês e estava no comando do restaurante apoiado por um sous-chef que ficou na cozinha mas dava para avistá-lo, uma vez que a cozinha ficava no meio do restaurante. A especialidade do restaurante era "shabu-shabu", que são carnes e legumes cozidos em um caldo à mesa, mas feito de uma maneira mais moderna, usando vapor.
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Eu, Jean,Sandro e nossa simpática garçonete |
Confesso que comida não era lá essas coisas, mas o local e o atendimento do restaurantes, acompanhado de bons amigos e duas canecas de cerveja depois de andarmos o dia todo, tudo estava perfeito... afinal estávamos em Gion...
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Pontocho | |
Voltamos para o albergue caminhando e passamos por Pontocho, o bairro que fica na beira do rio em Kyoto, com mais bares e restaurantes. Neste local sim, podemos ver pessoas na rua, jovens conversando, bebendo, se divertindo. Pontocho é a Kyoto "moderna" e Gion a tradicional. Demais!
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