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Por isso esse blog possui esse nome... Jigoku No Sora,
o Teto do Inferno

"Esse eu insensato, que tem tão pouca chance de salvação, é totalmente incapaz de resistir a desejos intensos e comprometimentos, a essa sucessão de dias e noites, inegavelmente reais, passada sob o constante tormento das ilusões monstruosas; isso é o inferno." - Hiroyuki Itsuki

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15 de maio de 2013

Ainda em Nara

Passada a emoção dos guardiões atravessamos um pátio imenso onde se via ao fundo um prédio de pelo menos 13 andares de altura. Olhando para ele fiquei imaginando que o Daibutsu (Grande Buddha) deveria ser assustadoramente "dai" mesmo!

Ainda do lado de fora pode-se apreciar a obra-prima de 1200 anos (Nota do Rev. Ricardo Mario: .O Todaiji que vemos hoje não é a construção original. que foi incendiada em 1180. Uma primeira reconstrução foi destruída por um segundo incêndio em 1567. A construção que temos hoje data dos fins do século XVII (Era Genroku).), totalmente em madeira e sem nenhum prego ou parafuso para sustentar tudo aquilo. Toneladas e toneladas de madeira encaixada como um invólucro eterno para um templo atemporal.


Todaiji

Porta de Entrada do Todaiji


Sobe-se poucos degraus e então... ele surge... mais de 10 metros de altura, grandioso, ornado por bodhisatvas e apsaras, olhar sereno, sólido e imóvel como uma montanha... Buddha Vairocana,  está literalmente ali, projetando sua sombra compassiva sobre humanos boquiabertos e extasiados.(Nota do Rev. Ricardo Mario: O Grande Buda é o Buda Vairocana descrito no Sutra Kegon (Avatamsaka Sutra). O Todaiji é o Honzan da Escola Kegon, cuja doutrina é fundamentada nesse Sutra.)

Dizer que é uma obra impressionante seria pouco e confesso que ainda não consigo achar palavras para descrever aquilo. Eu fiquei minutos infindáveis apenas apreciando o rosto sereno daquela avatar gigantesco. Juro que não sabia o que fazer. Para muitos ali, era apenas uma estátua mas para mim, o Buddha estava ali.

Maha Vairocana


Mas a coisa não se encerrava ali... olhei para o lado direito e havia com 3/4 do tamanho, uma estátua de Niorin Kannon, dourada, linda. Irradiando compaixão e serenidade e do outro lado, outra estátua de mesmas proporções do Bodhisatva Kokuzo. E ainda, um de cada lado deles, mais dois protetores: Tamonten, a direita e Komokuten a esquerda. Gigantescos também, nem preciso comentar.
Kokuzo Bosatsu
Niorin Kannon
Tamonten

A curisiosidade do local, fica por conta de uma das colunas de madeira do templo que possui uma fenda por onde se consegue passar uma pessoa (magra, diga-se de passagem) e existe uma superstição que quem consegue passar, será abençoado. Nem me atrevi a passar, mesmo porque a fila era grande.

Eu já não sabia mais para onde olhar, meu queixo já estava raspando no chão e a emoção já brotava em forma de lágrimas por ter a oportunidade de ver e comtemplar tamanha beleza e intrinseca arte. Mas de repente me dei conta de uma coisa... estava em um país primariamente budista, com uma boa dose de influencia animista do Xintoísmo, mas olhei em volta e vi que as pessoas, olhavam, tiravam fotos, mas não admiravam aquilo, não vi empolgação. Vi uma fila imensa para se passar pelo buraco da coluna, vi um monte de gente se "banhando" com a fumaça dos incensos acesos (como se servisse para alguma coisa), mas não vi uma pessoa fazendo um "gassho" ou uma pequena reverência, diante daquelas estátuas, como faríamos com a pequenina (minuscula, em comparação, eu diria) que temos em casa em nossos altares.
Komokuten
 Confesso que fiquei decepcionado com tais atitudes, pois mesmo não sendo católico fico impressionado com a monumentalidade de um Cristo Redentor no Rio de Janeiro ou com uma Capela Cistina em Roma, mas ali, a maioria era budista. Vamos falar um pouco mais sobre isso, alguns posts para frente...

Nara ainda não acabou!!! Temos mais umas coisas para contar....

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