Mas nestes último dia de finados, os ventos da impermanência sopraram na família novamente: uma priminha de pouca idade, 2 anos, faleceu no interior. Ela e a irmã mais velha de 5 adquiriram uma bactéria desconhecida, a mais velha venceu mas a mais nova não resistiu a batalha pela vida.
Minha mãe me liga desesperada, aos prantos, pois embora o contato com os primos fosse muito distante, ela se sentiu tocada pelo fato, pois ela havia perdido um irmão de 2 anos na sua frente, quando ela tinha os mesmos 4 anos, em um acidente com uma floreira que virou por cima da criança. Parece que todo esse passado voltou a tona na mente dela que me ligou em busca de conforto, se é que há algum em uma hora dessas, queria saber como o Budismo via isso. Detalhe interessante, ela frequenta a catedral anglicana.
A grande questão da minha mãe era que meu tio de 90 anos há 2 semanas caiu, quebrou um fêmur, colocou uma protese e está em casa. Minha prima, 2 anos, contraiu uma doença e morreu. Afinal que justiça é essa que mantém vivo alguém que já teve a vida feita e ceifa os primeiros anos de um criança?
A grande questão da minha mãe era que meu tio de 90 anos há 2 semanas caiu, quebrou um fêmur, colocou uma protese e está em casa. Minha prima, 2 anos, contraiu uma doença e morreu. Afinal que justiça é essa que mantém vivo alguém que já teve a vida feita e ceifa os primeiros anos de um criança?
Comecei dizendo a ela que sob a ótica budista aquela pessoa "estava" criança mas que já tinha sido um adulto em uma outra vida. Ficamos chocados com o que acontece com um ser indefeso mas nos esquecemos que esse ser já foi criado, adulto, viveu, talvez tenha casado, com família ou não, tivesse sido um deliquente, um marginal ou um sacerdote, não importa. Não importa o que tenhamos sido, o que importa é que agimos, fizemos muitas coisas na vida e vamos colher as consequências delas por anos a fio. Algumas vem em questão de minutos ou horas, outras em algumas vidas. Nunca saberemos.
Tudo o que fazemos cria nossos alicerces para nossos próximos dias ou horas ou anos ou vidas e esses alicerces podem ser firmes e nos conduza por muitos anos como seres humanos ou podem ser frágeis. Mas não há culpa, apenas constatação. Uma criança não tem culpa, ela só colheu os frutos de uma vida passada. Um velho de tantos anos também não tem culpa pois também colhe o que foi plantado e neste caso, falamos de uma pessoa que também enterrou um filho suicida, que também sofreu a dor dilacerante de ver a ordem natural da vida se inverter e ter que ver um filho partir.
Tudo o que fazemos cria nossos alicerces para nossos próximos dias ou horas ou anos ou vidas e esses alicerces podem ser firmes e nos conduza por muitos anos como seres humanos ou podem ser frágeis. Mas não há culpa, apenas constatação. Uma criança não tem culpa, ela só colheu os frutos de uma vida passada. Um velho de tantos anos também não tem culpa pois também colhe o que foi plantado e neste caso, falamos de uma pessoa que também enterrou um filho suicida, que também sofreu a dor dilacerante de ver a ordem natural da vida se inverter e ter que ver um filho partir.
Mas nisso há um lado positivo, pois o fruto do karma quando se manifesta se extingue, então nos livramos desse peso e vamos com pelo menos um "problema" a menos para nossa próxima existência.
Dificilmente um ensinamento vai diminuir a dor de perder um filho. Deve ser algo que nos dá vontade de arrancar as vísceras de tão desesperador. Mas podemos pelo menos tentar compreender e aos poucos quando a vida retoma as rédeas, vamos lapidando esse sentimento.
Namu Amida Butsu!
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