Faz tempo que não escrevo aqui. Muito pelo meu trabalho e uma obra que estamos fazendo em nosso imóvel. Mas gostaria de iniciar este artigo agradecendo os que tem usado meus textos como referências para a explicação do Dharma, em outros sites, listas e Orkut.
O engraçado (será?) é que volto a um tema que falei sobre no artigo abaixo: alucinógenos. Antes de entrar no tema quero deixar claro que independente de qualquer opinião sobre se determinada droga é mais nociva que outra, o Quinto Preceito ditado por Buda é claro: "não se deve fazer uso de qualquer substância que altere o estado de consciência". Logo, um budista, deve antes de tudo, tentar seguir, no mínimo, os Cinco Preceitos, ou pelo menos, propaga-las no meio onde vive.
Tenho acompanhado com interesse o desenrolar das campanhas para a prefeitura de São Paulo, justamente para verificar as propostas sociais de cada um deles. Não pretendo entrar em assuntos políticos, nem tão pouco fazer proselitismo pois não faz parte de minha natureza e não é permitido por lei (isso mesmo, a justiça eleitoral está censurando blogs com qualquer informação de candidatos). Por isso não posso escrever o nome do canditado ou candidata com o qual estou extremamente decepcionado. Não posso revela-lo até que se passem as eleições.
Bem vamos ao assunto. Estava lendo o site de um jornal de São Paulo, no qual apresentava-se uma sabatina com um ou uma canditata à prefeitura, no qual eu li a seguinte frase: “LEGALIZAÇÃO DA MACONHA - Há muito tempo eu não fumo, mas a minha opinião continua a mesma. Tenho a convicção de que, se o comércio fosse legalizado, normatizado, controlado, o dano para a sociedade seria menor do que o dano decorrente do fato de o comércio ser ilegal.”
Ora, sendo essa candidata uma budista declarada e atuante fiquei muito surpreso com tal afirmação, nem tanto pela afirmação em si, mas pela ênfase dada ao assunto mais uma vez e sua contínua insistência de violar os Preceitos Budistas, em público. Fiquei impressionado, porque não vi ou ouvi qualquer manifestação desta candidata em relação aos massacres de tibetanos, ou a falta de liberdade na China ou sobre o massacre de monges na Birmânia. Tendo fácil acesso àmídia, às tribunas da Câmara e a imprensa da qual poderia fazer uso para alertar a população sobre tais fatos, ou mesmo as autoridades federais brasileiras, mas infelizmente não vi nada disso. Mas quando o caso é legalizar uma droga, os microfones se abrem. É lamentável!
É também lamentável que tal candidata passe em cima de suas convicções religiosas para ocupar um cargo público, uma vez, que nunca vi uma declaração de sua posição religiosa ou sua manifestação sobre ítens importantes para nós budistas, tais como as pesquisas sobre células-tronco, aborto, vida saudável, como se andar de bicicleta fosse a solução de todos os problemas da população, em um tempo que vivemos uma crise ética de corrupção de valores morais.
É justamente neste cenário que leio sobre "legalização" de uma droga. Libera-se a maconha, depois a cocaína, o crack e assim por diante.
Não quero parecer demagogo, nem hipócrita. Bem, hipócrita não sou pois nunca pus nem um cigarro de tabaco que seja na minha boca, muito menos qualquer tipo de droga, mas essa energia demonstrada pela tal candidata deveria ser canaliza para promover ítens positivos que possam ser útil à sociedade. Com certeza, comprar maconha no boteco da esquina não está nesta lista.
O que poderia ser uma imagem importante para nossa religião, para termos um representante que prime pelos valores budistas em uma posição de destaque na política, para justamente irradiar tais valores por onde passasse, em seus discursos, atitudes e principalmente projetos sociais, acabou se tornando uma decepção total. Uma oportunidade perdida.
Mas... cada sociedade tem os políticos que merecem...
Sarva Bhantu Margalam!!!
Puxa, Maurício, sou fã deste seu blog e da sua honestidade em falar abertamente sobre esse assunto, mas acho que você está sendo injusto com a candidata. Não é apologia a candidatura dela, que nem em São Paulo eu voto.
ResponderExcluirNão tenho nenhuma ligação "formal" com o budismo, mas acho que há uma distância enorme entre ser a favor da legalização da maconha e ser a favor de seu uso. Eu, por exemplo, sou contra o aborto, mas a favor de sua legalização. No sentido de que eu desencorajaria alguém a fazer, mas, já que as pessoas o fazem independente de minhas convicções, que o façam em condições saudáveis, em um hospital etc.
Também é legal dizer que essa idéia, pelo que entendo, não faz parte do seu programa de governo, já que uma lei assim não é da alçada de uma prefeitura. Esse assunto só é recorrente por conta da famosa matéria da Veja, que a colocou na capa dizendo que já tinha fumado maconha.
Sobre a questão tibetana, lembro de ter lido mais de uma vez a questão ser abordada no blog da vereadora e também no blog do seu assessor.
Como disse, não voto em São Paulo e, mesmo que votasse, acho que não votaria nela. Mas acho que a motivação da candidata é legítima e honesta.
um abraço
Estimado Namo Amida Butsu:
ResponderExcluir1º)
Desde o levante de março no Tibete, temos enviado muito material e correspondências variadas à "Vereadora", enquanto "budista" que se apresenta... Resposta não recebemos nenhuma, quando justamente ponderávamos o instrumento que detém, na Câmara de uma das maiores cidades desse "mundinho"...
http://tibetparaomundo.blogspot.com
http://noscantosdaterra.blogspot.com
2º)
As drogas maiores que já consumimos são produtos industrializados, de supermercado. Ademais, consideramos ideal ao ser humano somente a ingestão de produtos orgânicos e vegetarianos. Portanto, jamais consumimos qualquer tipo de droga às quais se refere.
Mesmo em nível de "enteógenos", não somos a favor, por princcípio, de qualquer alteração induzida de estado de consciência. Incluindo o modismo que se tem obtido em torno da composição de "ayahuasca"... Muito embora tenha servido, em casos pontuais, como "veículo de cura", inclusive a "viciados de drogas".
Para nós, alteração de estado de consciência, por assim dizer, somente pela meditação.
Feitas essas considerações, gostaríamos de dizer que a experiência que a Holanda desenvolve em torno da liberação de drogas, como meio real de melhor controlá-la é - tese essa defendido por alguns destacados cientistas detentores de Prêmio Nobel - algo que deveria ser melhor estudado, aperfeiçoado, adaptado, talvez, a cada realidade.
O fato é que só existe a droga porque existe a demanda. Não houvesse demanda não haveria fabricante ou traficante de droga.
Logo, muito falha tem sido a educação que se dá à mocidade... E é justamente nesse ponto que reside a má sorte que tem colhido a Humanidade...
O Brasil, evidentemente, não é exceção.
http://avidaeodireito.blogspot.com
3º) A propósito de candidaturas, dê-nos o "peso" de sua visita - não literalmente! - em
http://budismonobrasil.blogspot.com
Está lá publicado o Decálogo de Siddharta Gautama para candidatos...
Fraternalmente, no Dharma.
Ola Mauricio Meireles,
ResponderExcluirDesculpe a demora em lhe responder. Primeiro de tudo muito obrigado pela sua audiência, fico lisonjeado que vc perca alguns minutos do seu dia lendo o que eu escrevo. é realmente gratificante.
Em relação ao seu comentário, creio que quando comparamos com a legalização do aborto, estamos derivando para um outro assunto que nos pede uma abordagem diferente. Veja, tb sou favorável a legalização do aborto e até mesmo favorável a sua utilização em determinadas circunstâncias. Mas este ato é um ato que não gera vício, pode gerar um karma miserável, mas não gera vício, não gera karmas contínuos e pode até mesmo servir de exemplo ou mesmo de conscientização para outras pessoas.
Mas legalizar uma droga é incentivar o vício, incentivar um ciclo sem fim de ações negativas e deterioração da vida humana.
Não sei se vc teve a oportunidade de ir a Amsterdã e visitar os parques que são liberados para consumo de drogas. Amigo, Mauricio, é uma cena que deixa qualquer filme do tipo Jogos Mortais no chinela, tamanha a decadência humana. É de arrepiar e chorar.
Assim, o convido gentilmente para refletir novamente no tema e até mesmo conversarmos mais um pouco a respeito.
Um grande fraterno abraço e faço votos de poder continuar contribuindo.
Mauricio (Shaku Hondaku)