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Por isso esse blog possui esse nome... Jigoku No Sora,
o Teto do Inferno

"Esse eu insensato, que tem tão pouca chance de salvação, é totalmente incapaz de resistir a desejos intensos e comprometimentos, a essa sucessão de dias e noites, inegavelmente reais, passada sob o constante tormento das ilusões monstruosas; isso é o inferno." - Hiroyuki Itsuki

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11 de setembro de 2008

Acelerando o passado

Ontem iniciaram-se as pesquisas com o maior acelerador de partículas do mundo LHC (Grande Colisor de Hádrons) , na tentativa de se recriar as condições que geraram o Big Bang com o intuito de buscar novas respostas para perguntas tais como "de onde viemos", "como surgiu o universo", "para onde vamos".  Sou um entusiasta da ciência e recebi essa notícia com grande ansiedade, pois há anos acompanho a construção desse invento.  Acho que a humanidade deu um grande salto.

Lembrei então do Cula-Malunkyova Sutra no qual Buda recusa-se a responder a Malunkyaputra sobre questões metafísicas que ele colocava, cuja algumas delas poderão ser respondidas pelo acelerador de partículas. Sem dúvida o LHC é de grande valia para a ciência e creio estar mais do que na hora de termos respostas contundentes sobre a origem da vida. É claro que o impacto de tais notícias poderão ter um efeito dominó em muitas crenças religiosas, em especial aquelas que crêem em um demiurgo , um criador do universo e da vida. Contudo, tais respostas terão muito pouco ou nenhum impacto no Budismo e em seus valores primordiais, tão pouco em sua doutrina.

Se lermos o Sutra citado acima podemos ter uma clara idéia do que estou dizendo, porque Buda mostra que não precisamos de tais respostas para termos uma vida espiritualizada ou sermos compassivos ou, ainda, buscarmos a Iluminação.  Não precisamos saber de onde viemos, pois aqui já estamos, como também não precisamos saber para onde vamos, pois lá ainda estamos longe de chegar. Precisamos sempre viver o presente, o momento atual. Como diz o Sutra, não precisamos saber o nome ou a linhagem daquele que atira a flecha, precisamos tirá-la de nosso corpo o quanto antes. Não precisamos saber a origem do veneno, precisamos ministrar o antídoto antes que seja tarde demais.

Com isso pergunto: precisamos morrer para renacermos melhor? Precisamos de outra vida para nos tornarmos melhores seres humanos? Ora, o que garante que voltaremos como seres humanos em nossa próxima vida? E se virarmos uma ameba? Ou um coral? Ou um bicho-preguiça? Isso não está no nosso controle, está no nosso karma, então por que esperar? Por que jogar dados com o karma?

No Budismo tibetano se diz que a morte é feita do mesmo tecido do sono, assim, sejamos melhores hoje porque renascemos a cada dia. Todas as noites "morremos" e renascemos na manhã seguinte, logo temos a chance de melhorar a cada dia, pois enquanto renascemos a cada nascer do sol, temos a certeza que ainda somos humanos e essa é nossa grande chance. Lembre-se que Buda dizia que renascer como humano é algo muito difícil e precioso, então estamos aqui porque nosso karma permitiu e não podemos disperdiçar essa condição.

Esqueçamos o passado, pois ele é imutável. O futuro ainda está em construção. Desta maneira, só nos resta parte do controle do presente, com ou sem acelerador de partículas.

Namo Amida Butsu

9 de setembro de 2008

Dois Pesos, Duas Medidas

Faz tempo que não escrevo aqui. Muito pelo meu trabalho e uma obra que estamos fazendo em nosso imóvel. Mas gostaria de iniciar este artigo agradecendo os que tem usado meus textos como referências para a explicação do Dharma, em outros sites, listas e Orkut.

 

O engraçado (será?) é que volto a um tema que falei sobre no artigo abaixo: alucinógenos. Antes de entrar no tema quero deixar claro que independente de qualquer opinião sobre se determinada droga é mais nociva que outra, o Quinto Preceito ditado por Buda é claro: "não se deve fazer uso de qualquer substância que altere o estado de consciência".  Logo, um budista, deve antes de tudo, tentar seguir, no mínimo, os Cinco Preceitos, ou pelo menos, propaga-las no meio onde vive.

 

Tenho acompanhado com interesse o desenrolar das campanhas para a prefeitura de São Paulo, justamente para verificar as propostas sociais de cada um deles. Não pretendo entrar em assuntos políticos, nem tão pouco fazer proselitismo pois não faz parte de minha natureza e não é permitido por lei (isso mesmo, a justiça eleitoral está censurando blogs com qualquer informação de candidatos). Por isso não posso escrever o nome do canditado ou candidata com o qual estou extremamente decepcionado. Não posso revela-lo até que se passem as eleições.

 

Bem vamos ao assunto. Estava lendo o site de um jornal de São Paulo, no qual apresentava-se uma sabatina com um ou uma canditata à prefeitura, no qual eu li a seguinte frase: “LEGALIZAÇÃO DA MACONHAHá muito tempo eu não fumo, mas a minha opinião continua a mesma. Tenho a convicção de que, se o comércio fosse legalizado, normatizado, controlado, o dano para a sociedade seria menor do que o dano decorrente do fato de o comércio ser ilegal.”

 

Ora, sendo essa candidata uma budista declarada e atuante fiquei muito surpreso com tal afirmação, nem tanto pela afirmação em si, mas pela ênfase dada ao assunto mais uma vez e sua contínua insistência de violar os Preceitos Budistas, em público.  Fiquei impressionado, porque não vi ou ouvi qualquer manifestação desta candidata em relação aos massacres de tibetanos, ou a falta de liberdade na China ou sobre o massacre de monges na Birmânia.  Tendo fácil acesso àmídia, às tribunas da Câmara e a imprensa da qual poderia fazer uso para alertar a população sobre tais fatos, ou mesmo as autoridades federais brasileiras, mas infelizmente não vi nada disso. Mas quando o caso é legalizar uma droga, os microfones se abrem. É lamentável!

 

É também lamentável que tal candidata passe em cima de suas convicções religiosas para ocupar um cargo público, uma vez, que nunca vi uma declaração de sua posição religiosa ou sua manifestação sobre ítens importantes para nós budistas, tais como as pesquisas sobre células-tronco, aborto, vida saudável, como se andar de bicicleta fosse a solução de todos os problemas da população, em um tempo que vivemos uma crise ética de corrupção de valores morais. 

 

É justamente neste cenário que leio sobre "legalização" de uma droga. Libera-se a maconha, depois a cocaína, o crack e assim por diante. 

 

Não quero parecer demagogo, nem hipócrita. Bem, hipócrita não sou pois nunca pus nem um cigarro de tabaco que seja na minha boca, muito menos qualquer tipo de droga, mas essa energia demonstrada pela tal candidata deveria ser canaliza para promover ítens positivos que possam ser útil à sociedade. Com certeza, comprar maconha no boteco da esquina não está nesta lista.

 

O que poderia ser uma imagem importante para nossa religião, para termos um representante que prime pelos valores budistas em uma posição de destaque na política, para justamente irradiar tais valores por onde passasse, em seus discursos, atitudes e principalmente projetos sociais, acabou se tornando uma decepção total. Uma oportunidade perdida.

 

Mas... cada sociedade tem os políticos que merecem...

 

Sarva Bhantu Margalam!!!